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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O FÓSFORO

PARA QUE SERVE UM PALITO DE FÓSFORO?

Um palito de fósforo com certeza já causou muitos estragos, mas certamente já salvou muitas vidas se foi usado na hora certa.
O seu uso descuidado pode causar danos, quando por exemplo riscamos um palito em um ambiente onde há vazamento gases inflamáveis. Talvez um morador de rua teve sua vida salva  porque havia fósforos para fazer uma pequena fogueira, evitando que morresse de frio em um dia de inverno intenso.
Hoje os fogões a gás, alguns muito sofisticados, estão em toda parte, fazem parte do nosso dia a dia, mas houve épocas nem tão remotas assim que o fogão a gás era um luxo, e então se usava fogões a lenha e palitos de fósforos era um item essencial para que nossa alimentação fosse preparada.
Além de acender fogo, cigarros, os palitos servem para diversão, quando o usamos para jogos, brincadeiras, fazer mágicas e arte com palitos.
Fósforos também já produziram bonitas histórias como a de Hans Christian Andersen “A menina que vendia fósforos”


UM POUCO DE HISTÓRIA.

Podemos dizer que a história do fósforo começa quando nos primórdios da civilização o homem começou a pensar numa maneira de como preservar o fogo. Isto ajudaria a manter-se protegido do frio, a cozinhar seus alimentos, proteger-se de ataques de animais e até preparar suas primitivas ferramentas.
Em diferentes épocas os homens desde a pré-história arrumaram uma maneira de conseguir fogo para aumentar o seu conforto. Pelo atrito de pedaços de madeira seca, conseguia-se calor e este calor era aproveitado para atear fogo em uma fogueira. A madeira seca foi usada na pré-história e até hoje permanece com a principal matéria prima para fabricação de palitos.
O atrito de pedaços de rocha com metais para se obter faíscas também foi muito usado para se obter fogo. E com o passar do tempo as técnicas foram se aperfeiçoando e o domínio completo do fogo cada vez mais fácil.
O enxofre é um pó amarelo, fácil de ser conseguido, de cheiro forte, que se funde a aproximadamente a 115° C e que pega fogo relativamente fácil, já era conhecido desde a antiguidade pelos chineses. No século VI, na China já se usava pequenos pedaços de madeira seca que eram preparadas usando enxofre derretido sendo fácil seu armazenamento para uso posterior. Os pedaços de madeira assim preparados quando atritados ou submetidos ao calor intenso pegavam fogo facilmente.
Outras maneiras semelhantes a esta ou com algumas variações continuaram a ser tentadas.
Em 1669 o alemão Henning Brand, um alquimista, descobriu o elemento fósforo (P), ao destilar uma mistura de areia e urina. Era um material branco e que se transformava em líquido facilmente que ardia espontaneamente ao ar livre emitindo uma luz, e brilhava no escuro, assim até hoje quando um objeto brilha no escuro mesmo que não tenha fósforo é chamado de “fosforescente”. Os alquimistas eram pessoas discretas e silenciosas e costumavam guardar segredos, e segredo dessa descoberta ficou engavetada por Henning Brand por oito anos, até que outro alquimista Johan Kunckel redescobriu o fósforo fazendo o mesmo tipo de experiência. Com este material branco Henning Brand fez demonstrações para mostrar o bonito poder luminoso do fósforo, deixando maravilhados todos que viam, com a finalidade de ganhar dinheiro.
Robert Boyle em 1680 fez experiências usando enxofre e o pó branco chamado fósforo. Viu que um pedaço de madeira coberto com enxofre podia ser riscado em um pedaço de papel que continham fósforo. Mas este experimento, apesar de funcionar, não trouxe resultados práticos
Esses e outros aparatos semelhantes que iam sendo inventados funcionavam, mas tinham o grande problema de serem caros e perigosos.
Em 1826 John Walker descobriu que uma mistura de trissulfeto de antimônio, clorato de potássio e goma arábica (espécie de cola vegetal), e amido podia pegar fogo se atritada em uma superfície áspera. Os palitos que eram fabricados com esta fórmula deviam ser guardados em embalagens seguras, pois eram muito perigosos, queimavam mal e tinha um odor desagradável; e mesmo assim os mais ricos os guardavam em caixas especiais de metal, porcelana e às vezes ouro e prata como se fosse uma jóia.
Os mais diferentes tipos de materiais (enxofre, fósforo branco, clorato de potássio e outros) continuaram a ser usados das mais diferentes formas para fazer palitos ou artefatos que tinham a mesma função, mas o problema da segurança em portar esses objetos nunca foi resolvido, alguns tipos podiam incendiar-se mesmo guardados no bolso, ao menor atrito.
Em 1845, Anton Schrötter descobriu o fósforo vermelho, que é uma forma diferente do mesmo elemento (alótropo). O fósforo vermelho era insolúvel em água, mais seguro e menos venenoso que o fósforo branco.
Os aperfeiçoamentos e novas descobertas levaram os irmãos Lundstron na Suécia em 1852 a fabricarem os primeiros fósforos de segurança. Estes palitos fósforos não tinham fósforo em sua ponta, e sim uma lixa feita de fósforo vermelho e areia na parte externa da caixa onde deviam ser riscados.
Os novos fósforos, chamados de “fósforo de segurança” porque não riscavam em qualquer superfície; continuou recebendo aperfeiçoamentos, e está caminhando para dois séculos de existência e parece ter fôlego para durar muito mais.


OS PROBLEMAS SOCIAIS 
        E AMBIENTAIS

No caminho da ciência e de  novas tecnologias nem tudo são flores. Assim foi também na descoberta e aperfeiçoamento dos fósforos de segurança.
A companhia The Diamond Match Company, em Ohio nos Estados Unidos foi um dos maiores fabricantes de fósforos do mundo e desde 1881 era o principal fabricante, dominando perto de 90% do mercado neste país.
Em muitas companhias no começo do desenvolvimento industrial, os direitos dos trabalhadores eram poucos, e nesta também existiam muitos problemas. Os homens ganhavam quase o dobro das mulheres pelo mesmo trabalho, e também contratavam crianças ganhando menos ainda, para que trabalhassem 11 horas por dia. Alguns ficavam doentes pela inalação dos vapores do fósforo branco (usado durante algum tempo) e outros produtos químicos usados na produção dos palitos de fósforo. A partir de 1911 o uso do fósforo branco foi severamente taxado pelo governo norte americano.
Ainda hoje palitos de fósforo são feitos de madeira e a caixa de papel. No fim do século XIX e início do século XX não havia muita preocupação com reflorestamento, e por isso muitas fábricas no fim do século XX fecharam suas portas, dando lugar àquelas mais preparadas para novos tempos.
No estado de São Paulo muitas fecharam ou se transferiram para regiões onde é mais fácil o manejo de madeira de reflorestamento como o Pinus é mais fácil, e diversificaram a sua produção, passando a oferecer outros tipos de produto.


O PALITO DE FÓSFORO NÃO TEM PÓLVORA, NEM  FÓSFORO

Muitos pensam que a ponta de um palito de fósforo, contem pólvora. A pólvora tem uma composição diferente; basicamente, enxofre, salitre e carvão.
A ponta do palito hoje é constituída basicamente por clorato de potássio, gelatina industrial e água, em forma de uma massa pastosa que ficará consistente depois de seca ao fim do processo. O clorato de potássio é um gerador de oxigênio durante a combustão e a mistura de gelatina e água funciona com aglutinante dos outros componentes. Outros componentes são adicionados para melhorar as características de qualidade, e nem sempre todos são obrigatórios; assim também podemos ter na fórmula:
Enxofre: É o principal combustível, pois começa a se inflamar em torno de 150°C.
Diatomita ou terra infusória: Formadora de cinzas.
Dicromato de potássio: Serve com agente oxidante e controlador da temperatura durante a combustão.
Óxido de Zinco (alvaiade): Controlador da velocidade de propagação da chama.
Pó de quartzo ou Pó de Vidro: Além de facilitar o atrito com a lixa, mantêm unidos os componentes que se fundem durante a elevação da temperatura.

A lixa é a parte da caixa onde se risca os palitos. Na verdade é o único local onde o elemento fósforo está presente. Na composição da lixa temos obrigatoriamente o fósforo vermelho (mais seguro que o fósforo branco) e ainda pó de quartzo, cola branca (PVA), e trissulfeto de antimônio. Esta composição pode sofrer algumas variações pela substituição por alguns materiais alternativos, que podem melhorar ou piorar a qualidade da lixa. A função do pó de quartzo, também conhecido como pó de vidro é melhorar o atrito do palito com a lixa.
Antes de receber os componentes, em sua ponta o palito deve passar por tratamentos para aumentar sua eficiência e qualidade. Primeiramente é tratado com solução de fosfato de amônio ou bórax, para que não continue incandescente, quando a chama se apagar. Este tipo tratamento não é obrigatório, pois depende do tipo de fórmula usada e da qualidade dos palitos a serem fabricados.
Antes de receber os componentes, uma das pontas do palito é mergulhada obrigatoriamente, em parafina derretida. A função da parafina é servir como combustível quando o palito acender. A falta da parafina faz com que o palito não mantenha a chama por um tempo mínimo necessário, apagando-se rapidamente.

FABRICAÇÃO DE FÓSFOROS NO BRASIL

No Brasil o principal fabricante de fósforos atualmente é a Swedish Match do Brasil S/A, fabricante dos Fósforos Fiat Lux.  Além de fósforos também são fabricados isqueiros, lâminas barbeadores e acendedores especiais em diversas fábricas no Brasil.
A fabricação de fósforos e produtos semelhantes no Brasil (fogos por exemplo), é controlada pelo Ministério do Exército. Isto se deve a uma infinidade de matérias primas que são usadas, que podem provocar reações perigosas se estocadas incorretamente, junto com outros materiais e por isso são controladas. A indústria deve manter um registro do estoque de toda matéria prima controlada, que é usada na fabricação. Além do mais, algumas das matérias primas usadas podem causar danos à saúde se incorretamente manuseadas, e por isso também se submetem aos órgãos que fiscalizadores da saúde pública. A madeira usada na fabricação de palitos e embalagens, devem ser madeiras de reflorestamento, então é necessário também um licenciamento ambiental.


        CURIOSIDADES

                     A palavra fósforo significa “o portador da luz”, devido à propriedade que tem o fósforo branco de   brilhar no escuro.
         

      Caixas de fósforos e cartelas de fósforos foram usadas e continuam sendo usadas como material promocional, pela veiculação dos mais diversos tipos de propaganda.
     
      A temperatura média na ponta de um palito aceso pode chegar a 1950° C, sendo sua temperatura em torno de 1500° C quando completamente aceso.
         

      As cores variadas vistas em palitos de diferentes procedências, é devida ao uso dos mais diversos tipos de corantes, usados em sua composição.
       

      Os palitos de fósforos já foram conhecidos como “lucifers” em muitos lugares, devido ao estardalhaço que faziam ao serem riscados. Na língua holandesa até hoje tem esse nome.
         

      O elemento fósforo está presente em grande quantidade de alimentos como sais, denominados fosfatos.
    
            Não está provado até o momento que a ingestão de bebidas contendo sais de fósforo ou ácido fosfórico provoca a doença degenerativa dos ossos, denominada osteoporose.
        
           O fósforo não é encontrado livre na natureza em nenhuma de suas formas, sendo os sais de fósforo, principalmente os fosfatos, encontradas em grande número de rochas.